domingo, 4 de outubro de 2009

Ministro morto

Lembram-se daquele ministro das Finanças japonês que apareceu bêbedo na cimeira do G7?
Pois (podem procurar no Google agora.... já viram?... sim... é isso... youtube?... sim, tem graça... ai que engraçado...)... morreu.
É triste, não é?
Afinal, era apenas mais um ser humano que precisava simplesmente de uma palavra amiga, de um «ouve lá, ó Shoichi Nakagawa - Xoixí, vá - não podes continuar a beber dessa maneira, ainda dás cabo de ti, pá!
Já tínhamos cilindrado a Amy Winehouse por ser uma bêbeda, e agora isto.
Sim, a culpa é tendencial e maioritariamente nossa. Não aguentou, coitado. O que me leva, claro, a pensar um pouco nas eleições portuguesas. (As legislativas, aquelas que já passaram).
No Japão, os ministros bêbedos cometem hara-kiri, por cá, são eleitos deputados e aparecem na televisão a dizer o que é que acham disso e assim.
Estranho, como observador, que ninguém tenha dito que é bem feito a Manuela Ferreira Leite ter perdido a eleição a PM depois de ter dito, mesmo depois de votar e ao ser interrogada acerca do que iria fazer naquele dia até conhecer os resultados: «vou para casa resolver uns assuntos de que não tratei porque não tenho estado em casa». Vou repetir: sim, é verdade. A jornalista perguntou-lhe: e o que é que vais fazer até saírem os resultados? E a MFL disse: «vou tratar de umas coisas que ficaram por fazer neste tempo em que não estive em casa». Ou seja, passar a ferro, limpar a retrete, que o marido e os filhos, quando ela vai em campanha, toca de mijar sem puxar o autoclismo, o que cria aquela massa preta que é o diabo para sair. É o lavar da loiça, que os porcos deixaram no lava-mesma, até criar a mosca no tecto. É fazer as camas, é regar as plantas, é deitar fora a sopinha que deixou feita nos tupperwares e que criaram fungos e bichos afins. Ou seja, é tudo menos poder ser ministra, let alone primeira at that. Era cair outra vez na esparrela do Cavaco? Vai-te lavar, Manuela! Já basta termos um criado de mesa em Belém, querias agora empurrar-nos a fada do lar em São Bento? Olha... Xóixí! E o Sócrates? o Sócrates é fixe, qual Soares. Ganhou uma eleição da forma mais honrosa e digna que se podem ganhar eleições: porque a adversária era má de mais. Porque contada ninguém acreditava. Porque ela dizia coisas que eram apreciadas só mesmo naquelas aldeias que se vêem vagamente ao descer a Serra da Coisa, como: a família, isso é que é! Diborciar-se, isso é de puta! E mais os maricos, esses filhos de puta, conos do Demo! E os drógados, piores que o cigános! A biberem de rendimento mínimo! Só faltaba era birem os espanhóis cum combóio para os lebar a todos. Pois é, afinal, parece que esse discurso já não dá. É bom sinal. O Sócrates é mau. Sim, é. Mas os portugueses decidiram não eleger a própria mulher a dias como primeira ministra.
Fazem bem, já basta Belém (bom slogan, não é?).
Quanto ao resto, gostei de ver Paulo Portas em terceiro lugar, o que premeia o mérito, e a virtude de quem tem feito, se não a melhor, pelo menos a única* (*é uma graça) oposição ao governo. Mostra que o lugar dos políticos é na política. E Paulo Portas é o ultimate político. Chega do «precisamos de x no Parlamento» - em que x é qualquer coisa sem representatividade na sociedade. Do que precisamos é de políticos à séria. Mesmo que sejam trauliteiros e que digam coisas saídas das velhas minhotas do Eça, ou dos taxistas, e mainão seiquê.
Gostei de ver o Bloco com x%. Ficou com mais do que devia e menos do que estava à espera, que é o castigo maior da democracia. E que é, aliás, comum a todos os partidos.
Mas do que gostei mesmo, foi do resultado do PCP.
Ganhou, claro, como sempre.
Curiosamente, vi aquela noite especial de eleições com um amigo de nacionalidade diversa da minha. Chegado o momento da declaração de Jerónimo de Sousa, apressei-me a explicar que, seja o resultado aquele que for, para o PCP foi sempre uma retumbante vitória.
Mas nada me preparava para o que ouviria. De acordo com Jerónimo, que ficou em último lugar em termos de representatividade parlamentar, o PCP teve um bom resultado, comparado com as eleições de nãopercebibem, ajudou a derrotar o Sócrates - que foi reeleito - e demonstrou o descontentamento dos trabalhadores e a força do PC. E disse: «Sócrates tem de tirar as consequências políticas de ter perdido a maioria absoluta».
E tenho pena de que ele não tire as mesmas em relação a ter PERDIDO as putas das eleições.
Não gostam de sushi?
E de sashimi?
E sake?
Gostam de ler o Murakami?
Então, vá, vamos importar mais uma coisa do Japão e toca de espetar uma faca na barriga.
Com este tipo de lixo, claro que o Sócrates ganha eleições.
Para quando darem todos uma de Xoixí? E sempre tínhamos o Garcia Pereira a PM!

Leia aqui sobre o japonês que se coiso

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