sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Parece que é mas não é

Ver aqui o site da fotógrafa Alison Jackson.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pagar o Caim com o Pêlo do Caim

Acabei de ler o livro Caim de José Saramago, um exercício que recomendo a todos os que pretendam falar sobre o assunto. É um livro divertido, quase cómico, inspirado, sem ser genial, nem especialmente original ou inquietante como outros livros do escritor. Confesso que resisti durante muito tempo a ler o prémio Nobel: acho Saramago irritante e arrogante, sem a graça de outras pessoas - e nomeadamente escritores - igualmente irritantes e arrogantes. Mas, desde que me decidi a lê-lo, tornei-me fã dos seus livros. Gosto do estilo, da musicalidade da sua escrita e, sobretudo da forma como desafia a nossa consciência e a maneira como pensamos o mundo e a sociedade. Ou seja, a minha opinião acerca dele é tão original como a dos seus outros leitores.
Neste seu mais recente livro, Saramago retoma um tema bíblico, a lembrar Cecil B. DeMille, que dizia qualquer coisa como «dêem-me uma página da bíblia que a transformo num filme». Desta vez, o tema é o Antigo Testamento, o que me parece ser bater num cavalo morto.
Depois da expulsão dos pais do Jardim do Éden e do triste episódio em que acaba por matar o irmão, Caim lança-se numa viagem por várias passagens bíblicas, crescendo, com cada uma, a sua indignação por aquele Deus (a que Saramago dá a letra minúscula) mau, invejoso, vingativo, pequeno-burguês. A indignação vai sendo substituída pelo ódio e tudo isto culmina - não vou contar o fim - num duelo entre o criado e o criador, o Homem e Deus. O desfecho do livro é original e, mais uma vez, quase cómico. Das cento e oitenta páginas, sobressaiu-me uma frase que, aliás, foi escolhida para resumir a obra numa das orelhas: «A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele». Nada a obstar.
Nada? Pois, afinal há mais. Desde o dia da sua publicação - e antes, portanto, que mais do que uma mão-cheia de pessoas o pudesse ter lido - que não se fala noutra coisa que na «polémica», no «escândalo», e por aí fora. Ou seja, neste tal período em que não acontece nada, em que ainda não se formou o governo e em que atentados bombistas no Paquistão ou a segunda volta das eleições no Afeganimesmo fazem com que se mude de canal, a comunicação social salta de Herodes para Pilatos, aqui no caso de Maitê Proença para Saramago, em busca de mais qualquer coisa para encher uns chouriços.
Explico: no momento em que estalou a polémica, a noite do lançamento, andava toda a gente a falar de um livro que não podia ter lido (crítica que curiosamente fazem a Saramago em relação à Bíblia). Logo as televisões - e no dia seguinte, os jornais - falavam de polémicas, entrevistando qualquer pessoa que se dispusesse a falar no assunto. Claro que toda a gente tem opinião, mesmo acerca de um livro que não leu. Portugal - o mundo? - está cheio de gente opinativa e voluntariosa. Por isso é que escrevo um blogue. Toda a gente tem sempre algo a dizer, mormente mal. Leiam-se os comentários que enchem qualquer notícia publicada nos sites dos jornais - qualquer notícia mesmo. Ouçam-se e vejam-se os programas na televisão e nas rádios em que se dá voz ao cidadão. Tome-se a proverbial bica de manhã no café da esquina. Enfim, toda a gente acha sempre qualquer coisa. Que não há direito, por exemplo.
Em especial, ir perguntar qualquer coisa a um representante - oficial ou não (e o que será isso?) - da Igreja Católica é sempre uma festa. Suponho que seja porque o seu tempo de antena é cada vez mais reduzido, quer nas televisões, rádios e jornais, como in loco nos bancos das igrejas. Com as devidas excepções, que confirmam quase sempre a regra, ser católico hoje em dia é sinónimo de ser ignorante, serôdio, possidónio e todos os outros insultos que versem sobre estes temas. É ser contra todos os progressos sociais e individuais do último século. É ser pequenino, reduzido e redutor. É continuar a tentar impor valores e éticas por força de lei e é, pasme-se, achar que se pode ainda (na qualidade estrita de católico, bem entendido) comentar um livro ou um escritor em 2009. Não pode.
Não pode mesmo. A vivência individual da fé nas sociedades do presente pressupõe uma clara separação entre aquilo que é a espiritualidade e aquilo que são os valores sociais. Explico melhor: tomemos o caso do aborto. Ser católico do século XXI é acreditar que o aborto é contrário a um conjunto de valores assentes no próprio conceito de Vida. E o que fazer com isso? Primeiro que tudo, não praticar o aborto e depois, convencer os demais (chama-se evangelizar) a não o praticar, com a argumentação própria da nossa fé. O que não fazer com isso? Impor ao resto da sociedade, que é ou pode ser laica, através de leis, um código de conduta que escolheram para si. No caso específico, os referendos mostraram - dou de barato que de forma pouco explícita - que a Igreja e a sociedade não estavam coincidentes. A tudo mais se deveria aplicar esta lógica, este «a César o que é de César e o resto já sabem».
Agora a livros? A quadros? A filmes? A peças de teatro? O que têm a fazer é passar ao lado, fingir que nem viram.
Cada católico tem, obviamente, direito a achar o que quer - e a dizer o que quer - dos livros do Saramago. O porta-voz da Conferência Episcopal, Manuel Morujão, não tem. A sua opinião, em princípio, vincula a da Igreja. E a Igreja que se meta nos seus assuntos e nos deixe a nós os livros que lemos. Limite-se a cumprir a sua missão que é a de difundir a mensagem de Cristo. Bem fez o papa Bento XVI que já disse, ou mandou dizer, que não se vai meter no assunto.
Esclareço que sou cristão, já fui católico. Cansei-me de toda a complicada contabilidade do que se pode e deve dizer e do que não se pode e não se deve fazer. A instituição Igreja parece-me apresentar Deus como um grande Sr. Costa da Contabilidade, com um caderninho para anotar os pecados, ou se nos ajoelhamos perante o Santíssimo ou se dizemos merda e Nossa Senhora na mesma frase. Deus, na jubilosa esperança que tenho de que exista, é certamente muito mais que isso. E fartei-me desta gente que não consegue imaginar o demiurgo diferente do chefe lá da repartição. Mas não costumo morder a Igreja. Têm o mérito de (já) não obrigarem ninguém a ir à missa e só acredita quem quer. Deixo-os lá na vida deles, conquanto me deixem a mim na minha. E, quando não deixam, quando saem furiosos das sacristias para comentar livros, referendos e o diabo a quatro (salvo seja!), fico cheio de vontade de achar que deviam ser proibidas, estas coisas das religiões. Um dia, espero, irão tornar-se obsoletas, extemporâneas, fósseis, e desaparecerão da face da Terra (como os partidos comunistas tão queridos ao escritor em questão). E deixarão o Homem verdadeiramente livre para viver a sua vida e a sua relação com Deus, se quiser. Mas pode ser um processo longo, tão demorado como a eliminação da pobreza e da ignorância nas regiões do mundo onde as religiões têm maior implantação. Ou pode ser que seja bastante mais rápido, se um dia nos fartarmos todos do mal e do sofrimento que estes representantes soi-disant dos Deuses têm causado um pouco por todo o lado - que nenhuma religião do mundo lave as suas mãos.
Portanto:
1. A comunicação social deve repensar esta sua tendência para criar as próprias notícias e que depois explora até sangrar por todos os orifícios. Os editoriais, as entrevistas, os directos, as conferências de imprensa, tudo de uma polémica que ela própria criou. É quase substituir-se a Deus. Não há ninguém na Igreja que deite mão a isto?
2. Todos os que queiram falar do livro, que o leiam. É pequenino e tudo. A sério.
3. José Saramago, ao expor e denunciar o Antigo Testamento, está a contar-nos uma história que já sabíamos há dois mil anos, mais coisa, menos coisa. Claro que Deus é mau e vicioso - isso já nos tinha mostrado Cristo, a sua versão mais light, mais humana, mais Obama, que nos deu um Mandamento Novo e que nos disse, por meias palavras, que podíamos passar a usar o Antigo Testamento de calço para uma mesa (muito) desengonçada. Pessoalmente, até acho mais graça ao Deus do AT - como os meus amigos judeus - aquele Deus que parece que acabou de acordar de uma sesta com o barulho de uma retro-escavadora e ainda não bebeu café nem tem cigarros em casa e tem a cara cheia de borbulhas e logo hoje que ia jantar com uma gaja lá do escritório. Mas esse Deus, caro José, já não se usa nada nem nenhum católico se lembra muitas vezes que existe. (Os judeus que escrevam o que entenderem nos seus blogues).
4. Seria bom que os católicos fossem os primeiros a exigir da sua Igreja que se dedicasse à sua orientação espiritual e deixasse a dos que não são católicos. Que é para isso que (eles) lhe pagam. O papa João Paulo II explicou ao mundo que o cristianismo era, no fundo, uma nova proposta de vida, assente em valores próprios e, acima de tudo, no respeito pela particularidade do ser humano. Foi mais longe e chegou a sugerir que talvez pudéssemos escolher partes daquela proposta para nos guiar a vida espiritual. Fez o que pode e o que o deixou o peso de dois mil anos de tradição. E é um exemplo. Quereis ser mais papistas que o papa?

Ideias para uma teoria da conspiração amanhã, num táxi: «Isto deve ser é coisa dos comunas, para vender mais livros!»

Tenho a sorte de ter alguns amigos que rezam por mim, e pelos meus pecados e por estas coisas que digo. Sempre me garanto, não vá o diabo tecê-las.
Pronto, a minha sugestão é que leiam o livro, que é bem divertido, e que seja o que Deus quiser.



segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Quote


Ouvi agora num filme:

- There's much to be learned from observing me.
- I agree, you should be put under observation...

Não é engraçado?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Saberá assim tão bem pagar tão pouco?

Mais uma notícia cheia de interesse:
Este fim de semana foi mais ou menos assim: fomos a um concerto do Seu Jorge no Campo Pequeno que foi absolutamente fenomenal (catorze músicos em palco, um ritmo alucinante, algumas músicas novas e houve até um pedido de casamento em frente a toda a gente). Entretanto, acabámos com um bilhete a mais, que vendemos à porta da praça por quase metade do preço à Joana (sendo a Joana alguém que estava na fila para a bilheteira). Quase ficámos amigos da Joana, que viu o concerto sentada ao nosso lado. Depois jantámos, saímos, perdi o telemóvel.
Acordei, apanhámos o eléctrico e fomos à feira da Ladra. Comprei uma Life de 1968 (fiquei com duas pulgas nas pernas e percebi exactamente porque é que os ingleses e os franceses e outros que tais chamam o que chamam a estas feiras). Almoçámos, jantámos, saímos, achei o telemóvel exactamente onde o tinha perdido (sim, alguém o encontrou e entregou no bar).
Voltei a acordar, fomos ao castelo, pensámos em alugar um daqueles carros amarelos que andam por aí a fazer visitas guiadas, desistimos dessa ideia, almoçámos, vimos uma livraria onde só se vendem livros sobre Lisboa e onde vimos um livro sobre a calçada portuguesa no mundo, fomos ver uma das vistas mais tiradoras de ar de Lisboa, ou pelo menos do rio, no museu do Teatro Romano.
Já quase de volta a casa, fui ao... Pingo Doce. Não é que costume ligar muito, mas desta vez e talvez por ter estado quase meia hora na fila para pagar, reparei que havia uma gaja a cantar em loop qualquer coisa como: «vou ao Pingo Doce de Dezembro a Janeiro, onde os preços são mais baixos durante o ano inteiro». Foi mau, foi muito mau.
E eis que hoje, ao ler o jornal, fico a saber que existe até um grupo no Facebook contra a campanha publicitária nova da marca. Ei, é só uma campanha publicitária de um supermercado. Não gostam? Mas é para gostar? Se ser o público alvo de um supermercado não é o fundo do poço... que será?
Mas serve de mote ao interessante editorial e a um outro artigo sobre o impacto - ou não - da web 2.0 nas empresas.

Portugal de Relance (e desfocado)

Este tempo entre o fim das campanhas eleitorais e o recomeço da actividade política dá-nos sempre umas pérolas para nos entretermos. Corre pela internet um abaixo-assinado exigindo que Maitê Proença faça um pedido de desculpas «claro» a Portugal. Porquê? Por causa de um vídeo feito numa sua visita em 2007 e exibido no programa Saia Justa do GNT. Fui ver. De facto, o tal filme não é muito simpático: chama a Sintra, como já tinha lido hoje nos jornais, «uma vilazinha perto de Lisboa», cospe num monumento nacional e enche-se de referências aos clichés sobre a pouca inteligência dos portugueses que, como sabemos, são tão frequentes no Brasil. É verdade também que já estão a circular pela internet muitas respostas à actriz. Há quem lhe explique o que significa um 3 invertido numa porta, ou que o Salazar foi ditador de Portugal durante bem mais que «vinte anos». Há quem lhe chame burra, loira e muitas outras coisas que acabam sempre por chamar a toda a gente cobertos pelo anonimato...
E há também já, e logo aí nessa mesma página do youtube, quem tenha começado a insultar os brasileiros, como se a Maitê Proença representasse mais do que a sua opinião, o seu ódio e o seu desrespeito pessoal. E não representa. Confundir a opinião ou os actos de alguém com um povo por atacado é fazer a mesma maitêzada de que se pretendem queixar. Por isso, é quase sempre melhor o silêncio. E quando os comentários são puramente racistas e complexados, o silêncio é mesmo fundamental.
Diz-se que quem não se sente não é filho de boa gente. E muita boa gente ficou sentida com Maitê Proença. Ninguém gosta de ver o seu país assim achincalhado. Mas exigir um pedido de desculpa a Portugal? Era o que faltava! Que seria se Maitê ou quem quer que seja - e de onde quer que seja - não pudesse dizer o que lhe apetecesse e da forma que lhe apetecesse! Parece-me o mesmo tipo de raciocínio que exige pedidos de desculpa por caricaturas de Maomé, por livros que tratem o Profeta de maneira menos ortodoxa ou por filmes que mostrem Cristo a comer a Madalena. Com uma diferença: foi um vídeo da Maitê Proença que passou no Saia Justa. Sim, chama-nos a todos burros e assim, mas não vem grande mal ao mundo.
E, se cada um de nós se pode sentir ofendido e cheio de vontade de receber um telefonema individual de retractação, Portugal não se ofende assim tão facilmente.
Já muitas vezes o nosso país tem sido alvo de comentários mais ou menos cáusticos (a propósito, vale a pena ler o delicioso Portugal de Relance, escrito pela princesa Letícia Rattazzi - mais ou menos como a Maitê Proença, mas chique, inteligente e divertida - que causou um verdadeiro escândalo nos finais do século XIX, cabendo então ao Camilo a defesa da honra) e não consta que se tenha importado muito. Aliás, os países e os povos estão lá para isso mesmo: para se gostar ou não se gostar, para se conhecer, para se descobrir, para nunca mais voltar, e por aí.
Pronto, pronto, já passou: rasguem lá o abaixo-assinado, bebam um copo de leite quente que isso passa. E nada de dizer mal dos brasileiros. E à Maitê (também não te ficas a rir): em 2007 ter-te-ia dito exactamente o que te faltava para mudares de ideias sobre Portugal e os portugueses. Mas agora, em 2009, e a crer no que se lê por aí, parece que já trataste disso. Ainda bem.

domingo, 4 de outubro de 2009

Ministro morto

Lembram-se daquele ministro das Finanças japonês que apareceu bêbedo na cimeira do G7?
Pois (podem procurar no Google agora.... já viram?... sim... é isso... youtube?... sim, tem graça... ai que engraçado...)... morreu.
É triste, não é?
Afinal, era apenas mais um ser humano que precisava simplesmente de uma palavra amiga, de um «ouve lá, ó Shoichi Nakagawa - Xoixí, vá - não podes continuar a beber dessa maneira, ainda dás cabo de ti, pá!
Já tínhamos cilindrado a Amy Winehouse por ser uma bêbeda, e agora isto.
Sim, a culpa é tendencial e maioritariamente nossa. Não aguentou, coitado. O que me leva, claro, a pensar um pouco nas eleições portuguesas. (As legislativas, aquelas que já passaram).
No Japão, os ministros bêbedos cometem hara-kiri, por cá, são eleitos deputados e aparecem na televisão a dizer o que é que acham disso e assim.
Estranho, como observador, que ninguém tenha dito que é bem feito a Manuela Ferreira Leite ter perdido a eleição a PM depois de ter dito, mesmo depois de votar e ao ser interrogada acerca do que iria fazer naquele dia até conhecer os resultados: «vou para casa resolver uns assuntos de que não tratei porque não tenho estado em casa». Vou repetir: sim, é verdade. A jornalista perguntou-lhe: e o que é que vais fazer até saírem os resultados? E a MFL disse: «vou tratar de umas coisas que ficaram por fazer neste tempo em que não estive em casa». Ou seja, passar a ferro, limpar a retrete, que o marido e os filhos, quando ela vai em campanha, toca de mijar sem puxar o autoclismo, o que cria aquela massa preta que é o diabo para sair. É o lavar da loiça, que os porcos deixaram no lava-mesma, até criar a mosca no tecto. É fazer as camas, é regar as plantas, é deitar fora a sopinha que deixou feita nos tupperwares e que criaram fungos e bichos afins. Ou seja, é tudo menos poder ser ministra, let alone primeira at that. Era cair outra vez na esparrela do Cavaco? Vai-te lavar, Manuela! Já basta termos um criado de mesa em Belém, querias agora empurrar-nos a fada do lar em São Bento? Olha... Xóixí! E o Sócrates? o Sócrates é fixe, qual Soares. Ganhou uma eleição da forma mais honrosa e digna que se podem ganhar eleições: porque a adversária era má de mais. Porque contada ninguém acreditava. Porque ela dizia coisas que eram apreciadas só mesmo naquelas aldeias que se vêem vagamente ao descer a Serra da Coisa, como: a família, isso é que é! Diborciar-se, isso é de puta! E mais os maricos, esses filhos de puta, conos do Demo! E os drógados, piores que o cigános! A biberem de rendimento mínimo! Só faltaba era birem os espanhóis cum combóio para os lebar a todos. Pois é, afinal, parece que esse discurso já não dá. É bom sinal. O Sócrates é mau. Sim, é. Mas os portugueses decidiram não eleger a própria mulher a dias como primeira ministra.
Fazem bem, já basta Belém (bom slogan, não é?).
Quanto ao resto, gostei de ver Paulo Portas em terceiro lugar, o que premeia o mérito, e a virtude de quem tem feito, se não a melhor, pelo menos a única* (*é uma graça) oposição ao governo. Mostra que o lugar dos políticos é na política. E Paulo Portas é o ultimate político. Chega do «precisamos de x no Parlamento» - em que x é qualquer coisa sem representatividade na sociedade. Do que precisamos é de políticos à séria. Mesmo que sejam trauliteiros e que digam coisas saídas das velhas minhotas do Eça, ou dos taxistas, e mainão seiquê.
Gostei de ver o Bloco com x%. Ficou com mais do que devia e menos do que estava à espera, que é o castigo maior da democracia. E que é, aliás, comum a todos os partidos.
Mas do que gostei mesmo, foi do resultado do PCP.
Ganhou, claro, como sempre.
Curiosamente, vi aquela noite especial de eleições com um amigo de nacionalidade diversa da minha. Chegado o momento da declaração de Jerónimo de Sousa, apressei-me a explicar que, seja o resultado aquele que for, para o PCP foi sempre uma retumbante vitória.
Mas nada me preparava para o que ouviria. De acordo com Jerónimo, que ficou em último lugar em termos de representatividade parlamentar, o PCP teve um bom resultado, comparado com as eleições de nãopercebibem, ajudou a derrotar o Sócrates - que foi reeleito - e demonstrou o descontentamento dos trabalhadores e a força do PC. E disse: «Sócrates tem de tirar as consequências políticas de ter perdido a maioria absoluta».
E tenho pena de que ele não tire as mesmas em relação a ter PERDIDO as putas das eleições.
Não gostam de sushi?
E de sashimi?
E sake?
Gostam de ler o Murakami?
Então, vá, vamos importar mais uma coisa do Japão e toca de espetar uma faca na barriga.
Com este tipo de lixo, claro que o Sócrates ganha eleições.
Para quando darem todos uma de Xoixí? E sempre tínhamos o Garcia Pereira a PM!

Leia aqui sobre o japonês que se coiso